domingo, 1 de janeiro de 2017

Ano Novo

De manso, de mansinho o que está suspira.
Sabe que está a chegar o momento de partir, de ir, de deixar que o transformem numa mistura indestrinçável de sabores doces, de sabores amargos, de cores brilhantes e quentes e de cores frias imersas em penumbras inescrutináveis, em mil milhões de fracções infinitesimais e inseparáveis de tempo que irão sobreviver nos arquivos da nossa memória.

Devagar, devagarinho o que está suspira.
Sabe que muito em breve o seu tempo irá terminar, que deixou marcas em todos nós, umas leves, levíssimas, como beijos de borboletas errantes, outras profundas, tão profundas como o mais profundo dos mares. Umas capazes de nos romper o peito de alegria, outras capazes de quase o rasgar de dor.

Suave, suavemente o que está suspira.
As pernas já se lhe encolhem na posição certa, os braços apoiam-se no seu assento etéreo, a cabeça curva-lhe-se ligeiramente para a frente, naquele conjunto de movimentos automáticos de quem se prepara para se levantar. Dentro em pouco fá-lo-á e sem que ninguém dê por ele – concentrada que está a nossa atenção naquele que está prestes a chegar- sairá de vez.

O Ano Velho está prestes a partir e o Ano Novo prestes a chegar e o melhor que poderemos esperar é que consigamos reter em nós o melhor do que foi, esquecer o pior do que já passou e encontrarmos em nós a esperança, a fé firme, de que o Ano Novo que está para chegar nos trará o máximo de alegria e o mínimo de tristeza.
Estes são os meus votos para todos vós.

Feliz Ano Novo.